Banheirão

 


Os alunos aguardavam a campa para a aula começar.

- Ei, Caio, caralho!

- Que foi já, porra.

O primeiro moleque fazia movimento de um "vem cá" afobado, com as duas mãos. Estava na porta do banheiro masculino da escola. Caio correu até lá. 

- Olha! - Disse o moleque, apontando para a parede do banheiro.

Caio olhou e não pôde deixar de permitir um pequeno gemido de admiração. Estava impressionadíssimo. Caio, por sua vez, foi até a porta do banheiro e gritou, afobado:

- Brendel! Vem aqui caralho.

Brendel correu até lá, já se projetando em direção ao ponto que caio apontava.

- Mas que caralho...!

Brendel foi até a porta do banheiro, de onde chamou Jhonny, que chamou Ricardo, que chamou Édipo, até que o banheiro já estava completamente amontoado de meninos. Alguns já se aglomeravam na porta, aguardando sua vez.

Uma das pedagogas, observando o motim, andou até o banheiro com passos apressados e esgueirou-se entre os meninos, como se a parede que todos observavam liberasse uma espécie de magnetismo. Deparou-se com um desenho feito com pincel para quadro branco. Centralizado. Simétrico. Ereto. Suculento. A glande, levemente inchada, todas as veias e a rugosidade do membro anatomicamente percebidas e lembradas. Era quase possível sentí-lo pulsar. 

Enquanto fitava a parede, pensou: como podia reprimir o comportamento daqueles garotos abismados por aquela obra? Como podia?

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